sexta-feira, 25 de julho de 2014

Aurora

Visitar pessoas que nos fazem sentir bem, realmente nos faz bem. Visitar um amigo doente no hospital lhe traz esperança, o faz perceber que alguém torce pela sua recuperação. Visitar os pais depois de muito tempo longe, deixar a saudade de lado e aproveitar cada minuto daquele momento, renova as forças, reanima o coração. Visitar a pessoa que ama depois de terem brigado feio, multiplica o amor. Rever os parentes, abraçar os amigos, dar um beijão nas pessoas mais amáveis, são coisas que acontecem com força total quando esquecemos a saudade. Quando fazemos uma visita. Porém, visitar um amigo estirado dentro de um caixão preto, iluminado pela fraca e incandescente luz das velas, vigiado pela cruz, remido pelas lágrimas, aguado pelo silêncio, encharcado de dor, de perdas, azucrinado pela consciência, que força o espírito a despedir-se de se mesmo, envolvido pelo preto do luto, expedido na solidão e encaixotado pela madeira claustrofóbica de um caixão tosco, causa tristeza profunda no indivíduo mais contente. Não é a morte que traz tristeza e sim a saudade antecipada, a saudade que não passa nem mesmo quando se visitar, o caixão, o túmulo, as lembranças.

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